A guitarra ecoa pelas estreitas ruas, misturando-se com as roupas meticulosamente estendidas, os cozinhados nas janelas, os velhos à porta da tasca, poucos lhe são indiferentes.
A viúva chorosa levanta-se do seu pranto e persegue o som, ele teima em fugir. As pernas curvadas da idade não a deixam ser um pouco mais ágil e correr. As suas roupas negras acabadas de lavar, devotamente coradas, ficam no chão exageradamente alvo.
As crianças continuam nas ruas, alheias ao que se passa porém sem saberem estão a brincar ao som da música que eclode pelo ar, os seus movimentos tornam-se ora mais velozes, ora mais estáticos.
O padre, que ouve a guitarra como se esta estivesse dentro da própria Igreja, ajoelha-se e a medo começa a inventar uma possível letra, intercalando com rezas fielmente decoradas.
O autor desta música é o boémio da aldeia. Aquele que ninguém aconselha para conversa, por mais pequena que seja. Enquanto toca a música, que decidiu fazer para quem quisesse ouvir, chora, sentado na pedra fria da calçada junto à Igreja. A barba por fazer, o cabelo encaracolado encrespado, e as unhas muito compridas que dão outro toque à guitarra. As roupas que nunca foram lavadas são invisíveis perante os seus olhos azuis, que são tidos como hipnotizadores, outro factor que o coloca em desvantagem.
A viúva já se encontra mais próxima, no meio das vizinhas à conversa, conseguiu chegar ao que queria, e a quem queria. Mesmo sendo interpelada, o seu olhar e as suas orelhas só têm um sentido.
Olhando-o inicialmente com pudor, senta-se a seu lado, e pela primeira vez faz algo após a morte do seu marido sem se preocupar com as criticas dos moralistas. Acaricia-lhe o cabelo, e a música começa a soar mais alto, chamando mais a atenção que o próprio gesto. Espontaneamente a viúva tira o seu lenço negro que muitos julgavam já ser o seu cabelo, e coloca sobre os seus ombros começando a cantar.
As outras viúvas, e as raparigas prometidas juntam-se á volta do boémio que agora vai ser perseguido não pela sua vadiagem, mas pelo chamariz que se tornou, mesmo estando abatido.
A viúva chorosa levanta-se do seu pranto e persegue o som, ele teima em fugir. As pernas curvadas da idade não a deixam ser um pouco mais ágil e correr. As suas roupas negras acabadas de lavar, devotamente coradas, ficam no chão exageradamente alvo.
As crianças continuam nas ruas, alheias ao que se passa porém sem saberem estão a brincar ao som da música que eclode pelo ar, os seus movimentos tornam-se ora mais velozes, ora mais estáticos.
O padre, que ouve a guitarra como se esta estivesse dentro da própria Igreja, ajoelha-se e a medo começa a inventar uma possível letra, intercalando com rezas fielmente decoradas.
O autor desta música é o boémio da aldeia. Aquele que ninguém aconselha para conversa, por mais pequena que seja. Enquanto toca a música, que decidiu fazer para quem quisesse ouvir, chora, sentado na pedra fria da calçada junto à Igreja. A barba por fazer, o cabelo encaracolado encrespado, e as unhas muito compridas que dão outro toque à guitarra. As roupas que nunca foram lavadas são invisíveis perante os seus olhos azuis, que são tidos como hipnotizadores, outro factor que o coloca em desvantagem.
A viúva já se encontra mais próxima, no meio das vizinhas à conversa, conseguiu chegar ao que queria, e a quem queria. Mesmo sendo interpelada, o seu olhar e as suas orelhas só têm um sentido.
Olhando-o inicialmente com pudor, senta-se a seu lado, e pela primeira vez faz algo após a morte do seu marido sem se preocupar com as criticas dos moralistas. Acaricia-lhe o cabelo, e a música começa a soar mais alto, chamando mais a atenção que o próprio gesto. Espontaneamente a viúva tira o seu lenço negro que muitos julgavam já ser o seu cabelo, e coloca sobre os seus ombros começando a cantar.
As outras viúvas, e as raparigas prometidas juntam-se á volta do boémio que agora vai ser perseguido não pela sua vadiagem, mas pelo chamariz que se tornou, mesmo estando abatido.
Escrito enquanto ouvia "Verdes Anos", de Carlos Paredes, música que ouvem neste momento.
Aproveito para informar os meus leitores que no texto anterior, também do dia 29 de Dezembro, lancei um desafio e pode estar presente o vosso nome, confiram.
15 remendo(s):
Vim desejar uma ano de 2009 cheio de realizaçoes! um beijinho
As melodias de uma guitarras parecem acompanhar cada passo da vida.
A musica faz parte da nossa vida,alias, na maioria das vezes, nós é que escolhemos ao som de qual melodia, vão passar os nossos dias e as nossas noites!
Beijo :)
começo a ficar mesmo fã dos teus textos :)
não estou a conseguir ouvir a música (passa-se qualquer coisa aqui que já vou tentar resolver) mas conheço-a muito bem e o teu texto assenta lindamente nela
novamente parabéns!
um bom ano e beijinhos
Gostaria que na minha cidade eu pudesse andar nas ruas a ouvir uma melodia espantosa. :)
Não tens o que agradecer!! os teus textos merecem uma boa leitura!
e tal como respondi lá: não sou adepta de copy paste até porque não faço parte do grupo-concursos-parvos-de-contabilizadores-de-numeros-de-comentarios-que-nada-dizem, simplesmente porque só lê quem quer sendo que escrever é uma necessidade minha (tal como tu) e escrevo essencialmente para mim (daí que quem não me conhece nem sempre decifre)
beijinhos, Marta
beijinhos
Felicidades....
Beijinhos!
♥♥♥besos♥♥♥
Marta
Obrigada pela visita e pelo presente, pois seu blog é realmente um presente para quem o visita.
Feliz 2009, repleto de realizações
beijo e luz
Muito bonito esse seu texto.
Pude imaginar as cenas enquanto lia...
Beijos
Um grande abraço e uma receita que repasso e recomendo.
Receita de ano novo
Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?)
Não precisa
fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido
pelas besteiras consumidas
nem parvamente acreditar
que por decreto de esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.
Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.
Carlos Drummond de Andrade
Marta,
um FANTÁSTICO 2009! lhe desejo.
um abraço e o meu sorriso :)
mariam
Marta,
Gosto muito de toda a obra de Carlos Paredes, é um amor antigo, indiferente a épocas, modas ou tendencias...muitas vezes tentei escrever o que o som da sua guitarra me inspitava, mas, acabei sempre por viver o momento pelo lado de dentro...
Lendo o teu texto, vi me transportada para as ruas de Alfama...
E Alfama a preto e branco, ao som de Carlos Paredes, cheira a rio, a sol e a amor...
Beijo e um muito Feliz Ano Novo!
Estou nos preparativos, amiga. Um belo Ano Novo!
ei amore, to passando pra desejar um 2009 lindo pra vc! beijosss
A música tem a capacidade de nos fazer reviver.
Feliz 2009.
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