O coração arrombou o peito.
Os olhos sombrios arderam,
Tal fogueira numa casa abandonada.
O corpo girou em torno da chama.
Procurei-te, tacteei-te, afastei-te,
Eras poeira real, insuportável e ferina,
Como se o passado fosse deserto.
Lembrei-me de quando ainda estavas longe.
O meu coração não se atrevia, detinha-se.
Os olhos não queimavam, jaziam.
O corpo deambulava sem roteiro.
Poeira estava nos meus olhos perante o fado.
Olhei-me sôfrega cobrando um sinal teu.
Uma linha, uma cicatriz, um sinal,
O teu odor intenso esquecido no ar,
O teu sorriso espelhado nos meus olhos,
A tua voz encoberta a soar nos meus ouvidos.
Mas não sabia eu que o que me deixaste
Foi a noção da tua existência.
Aonde estás? Ainda vou descobrir.