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terça-feira, 6 de julho de 2010

Durezas deste mundo

Estando nós num mundo dito globalizado, deparo-me diariamente com casos que me fazem pensar, que apesar de estarmos teoricamente mais unidos há tanto que nos separa…

Procurava notícias pelo mundo virtual, tentando fugir ao tema que agora nos é apresentado diariamente, o filho do Cristiano Ronaldo, querendo o povo sofregamente saber quem é a mãe (isso é que é um assunto que dá pano para mangas naquelas conversas chatas de café); o problema que Manuela Moura Guedes enfrenta com o Primeiro-Ministro, problemas que por vezes só servem para nos desviar do que realmente é preocupante. Só nos distraem e nos fazem pensar cada vez menos e nos problemas mais fúteis que nunca farão um país ser levado além fronteiras pelos melhores motivos.

Deparei-me com um título que apesar de infelizmente ser muito banal ainda, por vezes contudo abafado: “Iraniana pode ser apedrejada até à morte”. E a razão? Sakineh Ashtiani ter sido obrigada a confessar adultério (com 99 chibatadas) e mesmo tendo recuado na confissão, foi-lhe imposto o apedrejamento. Os seus filhos intervieram, pedindo clemência, mas debalde, pois o código do seu país assim dita: em caso de adultério a mulher deve ser punida com pena de morte.

Pergunto-me eu: quem pode ditar o fim de uma vida, ainda mais da forma bárbara que esta mulher vai ter? Segue-se uma longa espera, pois a morte é quando alguém decidir. Esse alguém, tão corajoso, não mostra a cara.

Duvido que contra estas práticas, a palavra seja suficiente, mas tento pelo menos incentivar quem aqui passar a também alastrar esta notícia, mesmo pelas mulheres que sofrem maus-tratos no nosso país, que a pouco e pouco vão sendo “apedrejadas” e condenadas a morrer pelo menos interiormente. Talvez não sejam suficientes as notícias, a revolta que este caso tem originado, mas que se abra os olhos para o que em pleno século XXI ocorre.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

"Ninguém é de ninguém/Quando a vida nos contém."

Ontem na rádio, naquelas célebres meditações, fizeram uma pergunta que nunca me tinha surgido “pertences a quem?”. É certo que é uma pergunta bastante ingrata. Provavelmente quando a leram pensaram logo “óbvio que aos meus amigos, familiares…” mas eu pensei: não pertencemos a ninguém.

A partir do momento que pertencemos a alguém, deixamos de pertencer inteiramente a nós próprios pois seremos quase como marionetas que seguem o rumo que o outro assim espera ou manda, e não o natural, o que nos é inato. Não, não estou a adoptar a filosofia do Ricardo Reis de não pertencer a ninguém por considerar mais fácil no caso do fado nos trair mas a assumir a posição de que uma vida é algo muito abstracto para poder pertencer na verdadeira acepção da palavra a outra.

Podemos fazer parte de uma outra vida, de ser muito significativos para alguém, mas não somos objectos e como tal, pertencemos primeiramente a nós mesmos, alias se assim não for, é impossível conseguir ser crucial na vida dos demais. Agora defendo que integramos várias vidas, que marcamos de várias maneiras, e vamos sendo influenciados por quem também nos é importante. E ainda bem que assim é.

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