-

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Fogo

Queimada estou e a ti o devo,
Possuíste-me sem pudor,
Reduziste a minha alma a cinzas,
Cinzas destoantes à tua cor.

Seduzida estou e a ti o devo,
Chamas altas de multicolor,
Calor intenso e arrepiante,
Contigo sofro, meu rubor.

Aquecida estou e a ti o devo,
Arrastaste-me com louvor,
Engoliste a minha força,
Devoraste o meu interior.


quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Vaiando a ministra

"Cerca de três centenas de manifestantes, entre alunos e professores, obrigaram esta tarde a Ministra da Educação a abandonar a cidade de Fafe, sem cumprir o evento que tinha programado. Com palavras de ordem e ovos, os protestantes nem deixaram a ministra pôr o pé fora do carro".
Jornal de Noticias, 12 de Novembro de 2008

Não entendo como é possível perante o actual estado do nosso ensino, os professores juntarem-se com alunos para atirarem ovos à Ministra da Educação.
Claro que esta avaliação de desempenho envolve muita coisa, mas se os professores são os primeiros a queixarem-se das "faltas de educação, insolência, más-criações..." juntam-se a isto como se de crianças se tratassem?
Uma das profissões que mais receio é a de professora, pois apesar de em criança o querer ser, hoje acho que é uma profissão que exige muito estofo, pois eu vejo pelas aulas que os professores preparam e que ficam pela metade, as faltas de respeito que existem que vão desde “levar com vento na tromba” a outros exemplos…
Porém não entendo como alguns podem exigir esse respeito, quando recebem a ministra da educação, por mais que discordem com ela, com ovos.
Desde há uns tempos para cá tenho notado a qualidade das aulas a dissipar, e eu imaginava o ensino no secundário como algo muito mais exigente, e assim o encaro e o faço, mas noto que nem todos o vêem da mesma forma.
Depois há aquela questão de que ao sermos uma turma todos contribuem quer para o bem ou o mal.
Encontram-se ainda notícias como “Alunos encerraram escola a cadeado”, “professora é agredida devido a telemóvel”, e aí eu pergunto: de quem é a culpa?
Existe uma onda de facilitismos que julgo que começa a passar-se também para os professores, que preferem os ovos às palavras.
Felizmente ainda há bons professores, especialmente os
antigos.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Cá fora, Lá dentro

Cada vez entendo menos a indiferença que existe com a aula de moral; dizem que os jovens estão cada vez mais complicados, mas no entanto é a disciplina que ocupa menos tempo do nosso horário semanal.
As aulas deste ano pelo menos na minha escola, e no meu nível estão a ser de teor psicológico, e estou a gostar bastante.
Segundo a nossa professora, nós temos várias pessoas dentro de nós. Claro que perante isto eu pensei: “Várias pessoas? Como assim?”
Mas assim que ouvi e pensei acabei por concordar. Eu tenho a criança que gosta de ser atendida e que ouçam os seus disparates, tenho a adolescente que é rebelde, por vezes convencida e várias vezes insegura. Tenho também a jovem, autónoma, anseio a liberdade; e tenho o adulto que é quando de repente a criança/adolescente vira madura.
Ao concluir que tenho uma multidão dentro de mim pensei “Mas como é possível que estejam todos lá dentro”. Claro que é algo que sabemos, por vezes fazemos algo e pensamos “Fui uma criança autêntica”, porém, eu pelo menos não penso muito nisso.
Concluí também que isso demonstra alguns dos meus receios, que provavelmente estão presentes em todos os adolescentes, a insegurança que nos invade, a certeza que se mistura, a incerteza do futuro…
A minha professora disse ainda que é normal que estas pessoas existam, denominemos “visitas normais”, porém há que expulsar algumas ao longo do crescimento.
Eu disse-lhe que por vezes sinto que não sou uma adolescente, pois não tenho necessidade de fazer o que os outros fazem, talvez a minha maturidade nesse aspecto seja superior… Acabou por dizer-me que é um processo normal, e que se não o fizer agora farei no futuro, por isso é que se vê adultos que parecem adolescentes.
Ao saber isto parece que ouço as várias pessoas a falarem dentro de mim, a darem a vez para que os meus actos sejam produzidos…

© oblogdocorte 2007. Todos os direitos reservados